
      
    
![]()
Segundo pesquisa realizada pelo Prof. Daniel Van Steemberg (1999), juntamente com uma equipe de gastroenterologistas, otorrinolaringologistas, psiquiatras e periodontistas da Universidade de Leuven/Bélgica, 87% das causas da halitose são de ordem bucal - sendo que 32% estão relacionadas a problemas periodontais.
      Os pacientes portadores de halitose buscam o tratamento  odontológico na expectativa 
      de resolver o seu problema de mau hálito, porém muitas vezes  o constrangimento o 
      impede de dizer ao dentista o verdadeiro motivo de sua  consulta. Somente com a 
      realização de uma criteriosa anamnese é que o profissional  propiciará condições para 
      que o paciente sinta-se à vontade para relatar o problema. 
      As conseqüências emocionais da halitose são fatores que  devem ser considerados, 
      pois verifica-se que o portador da halitose está, com  freqüência, emocionalmente 
      abalado. 
      O mau hálito altera o padrão de comportamento na sua vida  social, familiar e de 
      trabalho, levando o paciente a apresentar uma tendência ao  isolamento e 
      distanciamento das pessoas queridas. 
      O medo de ferir aqueles que o cerca com o seu mau hálito é  um fantasma constante 
      em suas atividades, afetando drasticamente sua qualidade de  vida. Durante a 
      anamnese, deve-se abordar questões relacionadas à história  médica, odontológica, 
      hábitos alimentares e sociais do paciente, etc. 
      A halitose é de origem multifatorial e geralmente está  relacionada a fatores sistêmicos, 
      psicogênicos e bucais. Sabe-se hoje que a Gastrite e a  Úlcera, que tanta culpa 
      levaram pelas alterações dos odores bucais, foram vítimas de  uma grande injustiça! 
      Com base em diversas pesquisas pode-se afirmar que apenas 1%  das causas da 
      Halitose está associada a problemas gástricos. Para o  atendimento do paciente 
      portador de halitose, deve-se dispor não só de recursos  científicos e tecnológicos 
      (halímetro, etc), mas principalmente de tempo para ouvi-lo e  ajudá-lo a expressar suas 
      queixas. 
      Cada detalhe poderá ser de grande valia no diagnóstico e  tratamento. A halitose não é 
      uma doença e sim um sintoma de uma possível alteração  patológica (ex.: doença 
      periodontal, alterações hepáticas, etc), variação  fisiológica (ex.: menstruação) ou 
      mesmo de um processo adaptativo do organismo (ex.: jejum  prolongado). 
      O profissional deve estar capacitado para fazer o  diagnóstico diferencial entre uma 
      halitose real, uma halitose imaginária e um distúrbio  quimiossensitivo. 
      O não conhecimento dos mecanismos de formação da halitose  poderá levar o 
      profissional ao erro de subjugar uma queixa do paciente, a  qual está afetando o perfil 
      comportamental do mesmo. 
      Qual é a causa do mau hálito? 
      A halitose não pode ser explicada por um único mecanismo.  Existem casos de origem 
      fisiológica (que requerem apenas orientação), patológica  (que requerem tratamento), 
      por razões locais (feridas cirúrgicas, cáries, doenças  periodontais e outros) ou aindapor razões sistêmicas (diabetes, distúrbios  renais, prisão de ventre e outros).São 
      várias as causas e muitas vezes apresentam vários fatores ao  mesmo tempo.  
      Por que o portador da halitose não sente o seu próprio  hálito? 
      Porque o olfato se adapta ao odor, por tolerância. O  epitélio olfatório rapidamente se 
      cansa ou fadiga, se acostumando ao odor e falhando na  percepção (fadiga olfatória). 
      Em pouco tempo, o paciente com halitose se acostuma ao  próprio mau hálito.      
Após tratamento de úlcera e gastrite, por que o paciente  continua com mau 
      hálito? 
      Problemas gástricos causarão halitose quando houver refluxo.  Segundo pesquisa 
      desenvolvida por equipe multidisciplinar de gastroenterologistas, 
      otorrinolaringologistas e periodontistas da Bélgica, 87% das  causas da halitose estão 
      localizadas na região da boca. 
      
Quem são os pacientes com maior tendência a halitose?
Respiradores bucais, pacientes com sangramento gengival (doença periodontal), saburra lingual, alterações sistêmicas (por exemplo diabetes, doenças hepáticas, etc), em dieta ou ainda aqueles que apresentam baixo fluxo salivar.
      O que é a saburra lingual? 
      É um material viscoso e esbranquiçado ou amarelado, que  adere ao dorso da língua 
      em maior proporção na região do terço posterior. A saburra  equivale a uma placa 
      bacteriana lingual, micro em que os principais organismos  presentes são do tipo 
      anaeróbios proteolíticos, os quais, conforme foi explicado  para a halitose da manhã, 
      produzem componentes de cheiro desagradável no final de seu  metabolismo. É uma 
      película composta de células descamadas, bactérias e  detritos alimentares que 
      aderem à superfície da língua. Ela é responsável por grande  parte das halitoses. O 
      grande desafio é saber por que ela está se formando, pois  mesmo realizando limpeza 
      correta da língua, alguns pacientes poderão continuar  apresentando formação 
      acentuada. 
      Como saber se sou portador de halitose? 
      A melhor forma é perguntar a uma pessoa sobre seu convívio e  de confiança se o seu 
      hálito está alterado e ou costuma ser forte. O portador que  é consciente de sua 
      halitose tem um perfil receoso e angustiado. Há pessoas que  apenas acreditam 
      possuir halitose. Para ambas as situações é importante o  exame e um perfeito 
      diagnóstico. 
      A halitose é fruto de má higiene? 
      A halitose é um sinalizador de que algo no organismo não  está bem. Ou seja, nem 
      sempre a halitose ocorre por falta da melhor higiene bucal.  Um paciente que mantenha 
      boa higiene oral mas encontre-se estressado, poderá  apresentar um fluxo salivar 
      baixo. Isto compromete a auto-limpeza favorecendo a formação  da saburra lingual e 
      possibilitando a manifestação da halitose. 
      E se o problema não for na boca? 
      Se a causa identificada for outra que não a odontológica, o  especialista encaminhará o 
      paciente a um médico pertinente. É de fundamental  importância essa integração entre 
      as áreas médicas, paramédicas e odontológicas. Grande parte  do insucesso nos 
      tratamentos ocorre justamente pelo não conhecimento  abrangente dos fatores causais 
      da halitose. 
      Qual é a importância de curar a halitose?
São diversos os motivos. Além da questão da sáude geral do paciente - saúde sistêmica e local - há de se observar a questão social. O indivíduo portador da halitose sofre discriminação em seu grupo social. Ele é vítima freqüente de distanciamento em sua relação afetiva. A halitose agride as pessoas que convivem com o portador privando-o de uma vida melhor.
      Todas as pessoas têm mau hálito? 
      Se considerássemos o hálito desagradável ao acordar,  praticamente 100% da 
      população seria portadora de halitose. Por isso, o hálito da  manhã é considerado 
      fisiológico. Ele acontece devido à leve hipoglicemia, à  redução do fluxo salivar para 
      virtualmente zero durante o sono e ao aumento da flora  bacteriana anaeróbia 
      proteolítica. Quando esses microrganismos atuam sobre restos  epiteliais descamados 
      da mucosa bucal e sobre proteínas da própria saliva, geram  componentes de cheiro 
      desagradável (metilmercaptana, dimetilsulfeto e  principalmente sulfidreto, que tem 
      cheiro de ovo podre). São os compostos sulfurados voláteis,  conhecidos 
      abreviadamente por CSV. Após a higiene dos dentes (com fio  dental e escova), da 
      língua (com limpador lingual) e após a primeira refeição  (café da manhã), a halitose 
      matinal deve desaparecer. Caso isso não aconteça, podemos  considerar que o 
      indivíduo tem mau hálito e que este precisa ser investigado  e tratado. 
      É possível que eu tenha mau hálito e não saiba disso? 
      Sim. As pessoas que têm um mau hálito constante, por fadiga  olfatória, não percebem 
      seu próprio hálito. Somente as pessoas que têm períodos de  halitose e períodos de 
      normalidade conseguem percebê-lo. 
      Como eu posso saber se tenho ou não mau hálito? 
      A maneira mais simples de identificá-lo é pedir a um  familiar ou a um amigo de 
      confiança que faça essa avaliação para você. Caso você  identifique o problema ou 
      caso você se sinta constrangido a pedir a alguém que o  avalie, pode procurar um 
      dentista para que este possa ajudá-lo no diagnóstico e no  tratamento da halitose. 
      Atualmente, e cada vez mais, existem dentistas interessados  no assunto, e muitos 
      deles até já dispõem de um aparelho para medir e avaliar seu  potencial de halitose. 
 Então, dá para se medir o hálito? 
      Sim, atualmente existe à disposição dos profissionais  interessados um aparelho 
      chamado Halimeter@, que é capaz de medir compostos  sulfurados voláteis e que 
      serve para orientar quanto à gravidade da halitose e quanto  à melhora e à cura 
      durante o tratamento. Também é útil para demonstrar  claramente para certos 
      pacientes que eles não possuem nenhum cheiro desagradável na  boca, quando este é 
      o caso. Certos pacientes halitofóbicos ficam muito  apreensivos, com medo de terem 
      halitose e desconhecerem o fato. 
      Qual a causa do mau hálito? 
      É muito bom que se diga que os casos de halitose não podem  ser explicados por um 
      único mecanismo. Existem casos de halitose tanto por razões  fisiológicas (que 
      requerem apenas orientação) como por razões patológicas (que  requerem 
      tratamento); por razões locais (feridas cirúrgicas, cárie,  doença periodontal etc.) ou 
      sistêmicas (diabetes, uremia, prisão de ventre etc.). Por  isso, pode-se concluir que 
      todas as possíveis causas devem ser investigadas e que o  tratamento será 
      direcionado de acordo com a causa identificada. No entanto,  96% ou mais dos casos 
      de halitose se devem à presença de saburra lingual e, assim,  devem ser tratados. 
 Se a saburra é formada microrganismos, o mau hálito é  contagioso? 
      Não. A saburra somente se forma em pessoas com predisposição  à sua formação. Por isso, é muito comum observarmos casais em que apenas um dos  parceiros apresenta 
      hálito muito desagradável, a ponto de incomodar o outro. 
      O que predispõe à formação de saburra? 
      A causa primária da formação de saburra é a leve redução do  fluxo salivar, com a 
      presença de uma saliva muito mais rica em mucina  ("gosmenta") e que facilita a 
      aderência de microrganismos e de restos epiteliais e  alimentares sobre o dorso da 
      língua. É bom que se diga que existem vários graus de  redução do fluxo saliva; 
      quando a redução é severa (de 0 a 0,3 ml/minuto, sob  estímulo mecânico), já não 
      encontramos saburra, mas sim, outros tipos de desconforto. A  medida do fluxo salivar 
      (sialometria) deve ser feita por um profissional habilitado  para isso. Também é 
      importante a avaliação das causas da redução do fluxo  salivar para que se possa 
      decidir sobre o tratamento. Uma causa bastante comum é o  "stress" constante. 
 Como se livrar da saburra e do mau hálito?
      Existem pelo menos 3 abordagens:
1. Remoção mecânica da saburra por meio de limpadores linguais. Existem vários modelos de limpadores linguais disponíveis no mercado americano; no Brasil, encontramos um limpador lingual muito eficiente (modelo em forma de "V").
 2. Manutenção da superfície lingual o mais oxigenada  possível, com o uso de 
      oxidantes. Existem vários oxidantes no mercado que podem ser  úteis para esse fim; 
      desde a água oxigenada (usada diluída), o Amosan, até os de  última geração 
      (geralmente formulações com um componente antimicrobiano e  um oxidante potente). 
      Provavelmente, em pouco tempo, encontraremos no mercado, à  disposição apenas 
      dos profissionais, um desses produtos, com o nome de  "SaudBucal". 
      3. Identificação da causa da redução do fluxo salivar para  que se possa estabelecer o 
      tratamento adequado. As duas primeiras abordagens garantem  um hálito agradável; 
      porém, exigem a manutenção desses cuidados. A terceira  abordagem, uma vez 
      realizada com sucesso, garante resultados mais duradouros,  sem a necessidade de 
      manutenção do uso de produtos para o controle de saburra,  porque esse 
      procedimento corresponde à eliminação da causa primária. 
      Como posso melhorar meu mau hálito que acontece só de vez em  quando?
      Quando o mau hálito não é crônico, mas apenas esporádico,  devemos observar uma 
      higiene bucal e lingual adequadas, estimular a salivação de  maneira fisiológica (isto é, 
      sem o uso de medicamentos) com balas sem açúcar, gomas de  mascar, gotas de 
      suco de limão com um pouco de sal, ou, mais eficientemente,  com uma ameixa 
      japonesa codimentada, conhecida como "umebochi".  Devemos ainda cuidar da 
      alimentação (evitar o excesso de proteína, gordura,  condimentos e alimentos de cheiro 
      carregado) e manter uma freqüência de ingestão de água e de  alimento (que contenha 
      algum carboidrato) a cada 3 ou 4 horas. 
      Então, o uso de gomas de mascar melhora o hálito? 
      Sim. Em primeiro lugar, age como um mascarado do hálito e,  em segundo, o que é 
      mais importante, aumenta a salivação. 
      Tenho gastrite. Acho que é por isso que tenho mau hálito. 0  mau hálito pode vir 
      do estômago?
      Não. É muito comum os pacientes pensarem dessa forma  incorreta. Também é muito 
      comum pacientes com gastrite terem mau hálito. Vamos  explicar melhor esse  
      mecanismo: à medida que a saburra se forma, ela passa a ser um  meio propício também à instalação e à proliferação de microrganismos  patogênicos cuja porta de 
      entrada é a boca. São exemplos os microrganismos causadores  de doenças 
      pulmonares, gastrintestinais e até mesmo de amigdalites e de  doenças periodontais. 
      No caso da relação halitose versus gastrite, a redução do  fluxo salivar propicia a 
      formação de saburra, a qual permite que o Helicobacterpilor  se instale no dorso 
      lingual, prolifere e aumente em número, podendo chegar ao  estômago e desencadear 
      a gastrite. Na verdade, a manutenção do fluxo salivar em  condições normais não evita 
      apenas a formação de saburra e mau hálito, mas também  previne a possibilidade de o 
      paciente se tomar predisposto a gastrite, pneumonia,  amigdalite, periodontite etc. 
      Já consultei vários profissionais sem ter a Solução para o  meu problema. 
      Halitose tem cura? 
      Claro que tem cura. As vezes, atingir a cura demanda um  pouco mais de tempo, mas 
      sempre existe a possibilidade de controle. A maior parte das  pessoas crê que qualquer 
      dentista está amplamente informada respeito de mau hálito, o  que nem sempre é 
      verdade. O mesmo pode-se dizer em relação aos médicos. 0  atendimento nessa área 
      é diferente do atendimento odontológico de rotina.  Atualmente, muitos estão bastante 
      interessados e estão investindo em conhecimentos sobre o  assunto. Assim, se o seu 
      dentista não se achar em condições de lhe oferecer um  excelente atendimento, com 
      certeza saberá encaminhá-lo para um colega que tenha feito  esse tipo de treinamento.    
Referência: Revista da APCD.